“Ensina a criança em qual caminho ela deve andar, e quando envelhecer não se afastará dele.” Prov. 22:06

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Atrocidades sempre ocorreram, mas infelizmente, quando esta ocorre ao nosso lado, mesmo que lutemos contra nosso egoísmo, ela nos causa mais dor e desperta em nós a necessidade de fazermos algo para mudar a realidade.

Sendo mãe de uma criança de três anos que ainda está sob minhas asas, e sabendo que daqui a alguns dias terei que deixá-la a cargo de terceiros, os acontecimentos na creche em Janaúba e do Colégio Goyases me causam náuseas e grande terror.

Assistindo ao depoimento do Sr.Leonardo Marcatti Calembo que perdeu o seu filho de 13 anos de forma tão dilacerante, consegui ver em sua fala que ali estava um homem com algo diferente, um homem com princípios inabaláveis. A paz e as palavras sábias ditas por aquele pai me deu a certeza que dentro dele havia algo muito maior que o exterior, algo que só podia ser explicado através do impossível, através da fé. Ele dizia com muita calma e serenidade que perdoava o atirador e pedia que a população também o fizesse, pois a culpa não era daquele adolescente, e sim de todo um contexto social e familiar que o cerca.

Fui pesquisar sobre esse senhor e sim, ele é cristão.

Ser um verdadeiro cristão é difundir os ensinamentos de Cristo, é viver tentando ser semelhante a Ele, é realizar as mesmas ações que Ele realizava. Emanar o amor que ele tanto pregou.

Sendo cristã e tendo toda uma família proferindo a mesma fé, temos um grande desafio de passar a nossos filhos esses ensinamentos. Na linha de sucessão espiritual, minha mãe ficou sendo a guardiã desses princípios e mensalmente nos reunimos em sua casa para falar sobre eles e principalmente ensinar a nossos filhos a serem pessoas que possam também representar Cristo onde estiverem.

Nesses encontros sempre lemos esse trecho da Bíblia, que se encontra em Salmos 78, do versículo 01 ao 07, que diz:

“Povo meu, escute o meu ensino e preste atenção no que estou dizendo!

Pois falarei com vocês por meio de provérbios e explicarei os segredos do passado.

São coisas que ouvimos e aprendemos, coisas que os nossos antepassados nos contaram.

Não as esconderemos dos nossos filhos, mas falaremos aos nossos descendentes a respeito do poder de Deus, o Senhor, dos seus feitos poderosos e das coisas maravilhosas que Ele fez.

O Senhor deu leis ao povo de Israel e mandamentos aos descendentes de Jacó.

Ordenou aos nossos antepassados que ensinassem essas leis aos seus filhos para que os seus descendentes as aprendessem, e eles, por sua vez, as ensinassem aos seus filhos.

Assim eles também porão a sua confiança em Deus; não esquecerão o que ele fez e obedecerão sempre aos seus mandamentos.”

Não sou teóloga, nem quero entrar no quesito teológico do texto acima, quero falar sobre “ensinamentos”, “mandamentos” e “leis”. Quero dizer que nosso dever como pais é ensinar a nossos filhos as regras básicas de como viver em sociedade, é ensiná-los sobre o amor ao próximo, sobre respeito e tolerância. Vamos transmitir os ensinamentos de Cristo que é o princípio de todos os outros.  Mesmo fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance jamais teremos a garantia que serão pessoas exemplares, mas certamente não serão totalmente inconsequentes, serão mais tolerantes e sempre usarão sua consciência para a tomada de decisões que dizem respeito ao seu próximo.

Muito se fala sobre Bullying (sou totalmente contra essas brincadeiras sarcásticas), mas na minha época de escola primária isso era normal, algumas vezes íamos para casa com algum olho roxo ou com alguns beliscões pelos braços. Os pais iam até lá, não porque eram convocados, mas porque “enxergavam” seus filhos, então as crianças com desavenças se abraçavam perante seus pais, pediam desculpas uma a outra e tudo ficava bem. As situações eram resolvidas com simplicidade, elas ficavam só no superficial, não acessavam os corações(Pra toda regra existe exceções, sei de casos de pessoas com mais de 50 anos que ainda sofrem por terem sido vítimas de bullying quando crianças). Hoje, qualquer situação que cause desconforto à nossos adolescentes é supervalorizada, pois nós e a mídia ensinamos a eles que são seres intocáveis, SUPER PODEROSOS, perfeitos e que sempre devem levar vantagem em tudo, e ao menor sinal de algum fracasso, se sentem marginalizados e prontos a provarem sua superioridade.

Minha família em sua grande maioria são de educadores e o que mais se vê hoje em dia são pais deixando para a escola o papel de transformarem seus filhos em bons cidadãos, em ensiná-los as regras básicas de convivência, higiene, etc… transferem essa responsabilidade para terceiros, colocando-os em escolas renomadas, ficam com suas consciências tranquilas, tendo a sensação de dever cumprido.

Urge a necessidade de retornarmos às nossas origens, de sentarmos à mesa com nossos  filhos e passar a eles os ensinamentos dos nossos antepassados. É hora de corrigí-los, de ensiná-los a serem tolerantes, de falar a eles que teremos sim muitas frustrações no decorrer da nossa vida e prepará-los para superar esses momentos sabendo acima de tudo que são amados, muito amados, que sempre nos terão para pegar em suas mãos e ajuda-los a superar qualquer adversidade.

Infelizmente por nossa omissão temos visto casos como o do Colégio Goyases, Janaúba e muitos outros mais distantes de nós, e se não despertarmos urgentemente, o quadro que se pinta à nossa frente é devastador. Não podemos colocar nossos filhos em redomas, devem ser lançados ao mundo, eles devem crescer. Então pergunto: O que será deles?

perdão
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Que Deus possa confortar as famílias que foram dilaceradas por essas catástrofes e que eles não percam a esperança no ser humano. Perdoar numa situação dessas realmente é algo humanamente impossível, algo que só o Espirito Santo é capaz de realizar. Mas o perdão é necessário, pois nos torna mais leves e abre nossos corações para que a alegria volte a habitá-lo.